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O Camponês e a Parteira - Resenha do livro de Michel Odent

O Camponês e a Parteira - Resenha do livro de Michel Odent

Celebramos no último domingo, dia 12 de julho, os 90 anos de Michel Odent, médico obstetra e cientista francês , a maior referência viva de estudo e produção científica relacionados a fisiologia do parto, como bem descreve o Instituto brasileiro que tem seu nome. De Odent é também a frase que inspira o movimento de humanização do parto: para  mudar o mundo e preciso primeiro mudar a forma de nascer. É uma honra vivermos no mesmo tempo em que esse médico sensível ao protagonismo da mulher no parto.

Como forma de homenageá-lo, publicamos abaixo a resenha de Dilma de Souza, enfermeira obstétrica e pré-certificada do Curso de Educação Perinatal GentleBirth.


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O Camponês e a Parteira: UMA ALTERNATIVA À INDUSTRIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DO PARTO.

Agricultura - Parto - História – Saúde – Ambiente.

Dois fenômenos relatados nesta história, a industrialização da agricultura e a industrialização do Parto Normal no século XX. O autor descreve a necessidade de analisar a industrialização da agricultura com a introdução de máquinas, hormônios e inseticidas cada vez mais potentes e nos preparar para os próximos séculos.

Paralelamente à esta evolução o autor também fala sobre os possíveis danos causados à gestante sendo o feto comprometido física e emocionalmente ainda intra útero. A poluição intrauterina é caracterizada pela alimentação contaminada com grande quantidade de agrotóxico que a gestante consome.

Ainda no século XX falamos sobre a febre aftosa e a doença da vaca louca. Doenças epidêmicas, preocupantes e descritas como catástrofes naturais. E como avaliar os riscos de nos alimentarmos com animais contaminados e cheios de hormônios?

Seja como for, o autor afirma numa pesquisa realizada em Montreal sobre Leucemia infantil, o que a industrialização da agricultura causa e o quanto esta prática afeta os embriões causando aborto em sua maioria do sexo masculino e as gestações ainda não concebidas.

O parto e a agricultura têm dois pontos em comum:  o primeiro ser vivo não humano e o segundo seres humanos vivos. Uma alusão rápida à história do parto e a semelhança entre a agricultura industrializada é o jeito mais fácil de destacar estes fenômenos. Estes dois fenômenos se desenvolveram lado a lado no século XX e o limiar da natureza foi ultrapassado.

A industrialização da agricultura é marcada pela substituição da foice pela máquina, o desenvolvimento da indústria química farmacêutica, fertilizantes sintéticos, hormônios e antibiótico. Diante dessa descrição, o autor relata sua preocupação com os efeitos causados com a industrialização da agricultura e o quanto o parto vem sofrendo interferências em sua fisiologia.

1970 é marcado com o surgimento do parto hospitalar, obstetras cirurgicamente treinados, fios, hormônio sintético, monitores eletrônicos fetais etc. O parto normal hospitalar, tornou-se mais evidente nos Estados Unidos do que na Grã-Bretanha.

A mulher sai da sua intimidade do seu domicílio e passa dar à luz em ambientes com tecnologias eletrônicas, perda da sua privacidade. Com isto a substituição da fisiologia do parto. O surgimento da epidural, hormônio sintético, o surgimento do Dr. De Lee, a episiotomia, fórceps etc. O parto passa à ser visto como patológico. Iniciou - se aí o círculo vicioso das intervenções. O medo de morrer e a extinção da parteira contribuiu para a migração cada vez maior da mulher para o hospital. E o entusiasmo tanto da industrialização da agricultura e do parto normal é percebido a cada episódio desta história.

Tanto a industrialização da agricultura quanto a industrialização do parto normal tem sido em geral bem recebida e considerado benéficos por todos. Porém, um pequeno número de pessoas visionárias no século XX apresentaram pensamentos contra hegemônicos.

Rudolf Steiner é o primeiro de uma série de visionários que apresentou preocupações com a industrialização da agricultura e o parto normal. Segundo Steiner ele não conseguia dissociar o desenvolvimento das plantas e dos animais, do interesse pelo desenvolvimento dos seres humanos.  

1977 o resgate das parteiras - Ina May Gaskin, surge para atuar e ensinar a assistência ao parto após a revolução de um grupo de hippies de São Francisco, atravessar o país e se instalar criando uma comunidade condado mais pobre do Tennesse, próximo Summertown. E foi assim, que Ina Gaskin e outras mães do grupo se tornaram parteiras. Ina Gaskin diz: a humanidade não pode sobreviver sem redescobrir as leis da natureza.

A forma como nascemos explica como nos comportamos, assim afirma Frédérick Leboyer que também é obstetra, além de poeta, visionário. Leboyer é autor do livro “Nascimento sem violência”. Ele nos convida a compartilhar sua visão sobre a experiência de nascer. Surge assim, o movimento pelo parto natural e pela agricultura orgânica, por terem uma grande semelhança. Segundo Rachel Carson os produtos químicos são mais perigosos na fonte dos alimentos do que a radiação e que estes ficam nos seus organismos desde o parto até a morte.

O movimento pelo parto natural apareceu durante todo o século XX, grupos foram se formando e estes não teriam sentido se a missão não fosse a de preparar o resgate da parteira e o seu trabalho. 

As avaliações das semelhanças da agricultura e o parto natural, foram visíveis, e a principal diferença é que uma série de desastres tem induzido uma nova consciência no caso da agropecuária. A história do parto ainda não chegou a mesma etapa. Que desastre estamos esperando? Segundo Michel Odent, quando está em suas viagens ele avalia a segurança da cidade através dos dados de como a população nasceu. Avalia a quantidade de intervenção obstétrica que esta população sofreu. Afirma também, que o índice de criminalidade é correlacionado ao número de intervenções obstétricas.

Uma ferramenta útil de previsão utilizada para expor os perigos do parto industrializado está descrita no banco de dados Primal Health que contém centenas de referências e sumários publicados em jornais médicos. Tal estudo trata das consequências a longo prazo do que acontece no momento primal de vida. Este inclui a vida fetal, o período perinatal e um ano após o nascimento. Estes dados mostram que grande parte da medicina correlaciona uma doença que acomete a pessoa em fase adulta e o que aconteceu quando a sua mãe ainda estava grávida. A busca de dados mostra que o jeito de nascer determina algumas doenças psíquicas e comportamentais.

O pré-natal é outro fator desencadeador de descontrole emocional da mulher, uma vez, que este tem seu foco principal a doença a catástrofe. Com base nestes estudos pode se concluir que é na esfera de comportamento e sociabilidade que deveríamos esperar consequências a longo prazo. Portanto, hoje a prioridade é de reinventar novas estratégias de sobrevivência em que os limites do domínio da natureza se tornem óbvios.

O parto natural, assim como nascem os bebês, é o elo crítico da corrente que é perturbada rotineiramente. A industrialização do parto deverá se tornar a principal preocupação daqueles interessados no futuro da humanidade.

“A cura da terra através da cura do nascimento” objetivo vital do Colégio Hygieia.

Referência Bibliográfica

1-Odent, Michel 1930 – O Camponês e a parteira: uma alternativa para à industrialização da agricultura e o parto / Michel Odent: tradução de Sarah Bauley: São Paulo: 2003.

Texto: Dilma de Sousa, enfermeira obstétrica (Belo Horizonte - MG) e pré-certificada GentleBirth

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